Pesca ilegal, pesca excessiva e mudanças climáticas contribuem para altas taxas de morte em uma das profissões mais perigosas do mundo
WASHINGTON, 3 de novembro de 2022 /PRNewswire/ — Mais de cem mil mortes relacionadas à pesca ocorrem a cada ano, de acordo com um novo estudo. Cerca de 300 pescadores morrem a cada dia — uma estimativa muito maior do que todas as avaliações anteriores — de acordo com uma pesquisa da FISH Safety Foundation (FSF) encomendada pela Pew Charitable Trusts.
Um número significativo de pescadores de baixa renda morre, incluindo crianças que são forçadas a trabalhar, e é predominantemente afetado por condições de trabalho perigosas e embarcações com condições precárias de segurança.
A pesca ilegal em escala industrial ocasiona pesca excessiva e as pressões econômicas subsequentes resultam em atividades ilegais de menor escala, não reportadas e não regulamentadas.
A FSF identificou vários fatores responsáveis pela mortalidade dos pescadores, como pobreza, conflito geopolítico, sobrepesca, pesca ilegal, não reportada e não regulamentada (INN) e mudanças climáticas. A INN é um impulsionador significativo, particularmente à medida que a demanda por proteína de peixes aumenta globalmente. As operadoras ilegais industriais cortam caminhos e ignoram as regras de segurança, além de contribuir para a superexploração da pesca altamente rentável. Isso, por sua vez, impulsiona o que foi identificado como “INN por necessidade”, em que pequenos pescadores artesanais são motivados a quebrar regras ou participar de atividades não regulamentadas e perigosas pois vem se tornando mais difícil de encontrar peixes. Essas condições são exacerbadas pelas mudanças climáticas e pela mudança na distribuição de recursos piscícolas.
“Embora a pesca possa ser inerentemente arriscada, a dura realidade é que muitas dessas mortes poderiam ter sido evitadas, e são evitáveis. Com três bilhões de pessoas dependendo de frutos do mar e com a expectativa do aumento dessa demanda, políticas mais rigorosas são urgentemente necessárias para manter a segurança dos pescadores, inclusive para os verdadeiros impulsionadores dessas mortes”, disse Peter Horn, diretor de projeto que acompanha o projeto internacional de pesca da Pew, que se concentra em acabar e impedir a pesca ilegal.
Eric Holliday, diretor executivo da FSF, disse: “Tem sido amplamente especulado que as estimativas de mortalidade de pescador estejam subestimadas, ocultando o perigo da pesca. Nossa análise é a primeira desse tipo e mostra de forma conclusiva que a falta de transparência no setor de pesca põe vidas em risco, ofuscando o cenário completo do que ocorre nas embarcações ou em áreas de pesca, tornando difícil para os governos estabelecerem políticas eficazes para melhorar a segurança. Embora nunca possamos identificar o número exato de mortes de pescadores isso deve servir como um alerta para os governos, dizendo que para salvar vidas, é necessário agir urgentemente a fim de ter melhores informações e o compartilhamento dos dados de mortalidade mais preciso.”
Ao analisar os dados disponíveis publicamente e compará-los com os artigos de notícias e o jornalismo investigativo, redes sociais e comunicações privadas com funcionários do governo e outros, os autores do estudo puderam oferecer o quadro mais completo até o momento do número de mortes relacionadas à pesca em todo o mundo.
Mas mesmo com todas essas ferramentas disponíveis, as lacunas de dados permanecem e o número total é quase impossível de quantificar. A falta e a imprecisão dos dados dificultaram aos tomadores de decisão implementarem as mudanças políticas necessárias para garantir a segurança dos pescadores industriais e de subsistência em níveis internacionais, estaduais e locais.
Com base nos resultados do estudo, o Pew incentiva a ação em várias frentes. Internamente, é necessário fazer mais para implementar as medidas de segurança dos pescadores e abordar os principais fatores. Considerando os níveis desproporcionais de mortalidade em comunidades de baixa renda, o suporte financeiro e a capacitação são urgentemente necessários. Internacionalmente, os esforços aprimorados de coleta de dados, transparência e compartilhamento de informações ajudarão os órgãos governamentais a entender melhor os problemas que os pescadores enfrentam, quantificar com mais precisão os riscos adicionais apresentados pela pesca INN e adotar políticas para medidas mais reforçadas para a segurança das embarcações.
Também existem estruturas regulatórias disponíveis que são desenvolvidas para impedir a pesca ilegal e proteger os pescadores. Especificamente, os países devem ratificar e implementar o Acordo da Cidade do Cabo, adotado pela Organização Marítima Internacional em 2012, que estabelece padrões de segurança para a construção e o projeto de embarcações de pesca, implementar o Acordo de Medidas do Estado do Porto da FAO que trabalha para evitar que a pesca ilegal entre na cadeia de suprimentos de frutos do mar e continuar a implementação da Convenção 188 da OIT sobre Trabalho na Pesca de 2007 que estabelece padrões para condições de vida a bordo de embarcações no mar. Os estados membros das organizações regionais de gestão da pesca também devem estabelecer políticas claras que fortaleçam os esforços para combater a pesca INN e a pesca excessiva.
“Felizmente, há uma série de ferramentas disponíveis que podem ajudar a impedir a INN industrial e a pesca excessiva e melhorar as preocupações de segurança em uma das profissões mais perigosas do mundo”, acrescentou Horn. “Embora não abordem todos os problemas, eles demonstram claramente a intenção de enfrentar esse problema. As autoridades internacionais devem priorizar também a contagem dessas mortes. Somente com um quadro mais claro do que está acontecendo na água, as autoridades poderão saber, quando e onde, é necessária uma intervenção maior. Este estudo deve ser um apelo para as autoridades internacionais, governos nacionais e gestores da pesca em todo o mundo, para que sejam responsáveis por resolver o problema. As mortes de pescadores não devem permanecer ocultas, e os governos não podem mais ignorar as graves injustiças e desigualdades humanas resultantes de ações insuficientes na pesca INN e excessiva, além das mudanças climáticas.”
Contato: Leah Weiser, [email protected], +1-202-591-6761
Foto – https://mma.prnewswire.com/media/1936808/Cycle_of_IUU_Infographic.jpg
FONTE THE PEW CHARITABLE TRUSTS
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